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Trajetória

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A esq., página de título da primeira publicação da Raddi: “Delle specie nuove di funghi ritrovate nei contorni di Firenze, e non registrate nel Systema Naturae di Linneo” (Raddi 1807), a dir.; uma das placas, uma gravura manualmente aquarelada.

O emprego no museu e as primeiras publicações científicas | 1806

Toda uma série de tarefas estava ligada a este novo uso, desde a manutenção e organização das coleções, à sua exposição nas instalações, até às mais díspares operações administrativas, que Raddi se comprometeu de imediato a cumprir com escrúpulo e zelo.

No entanto, soube aproveitar o pouco tempo livre que lhe era concedido por tão pesadas tarefas em benefício dos seus estudos e do seu crescimento profissional, como comprovam as primeiras publicações surgidas entre 1806 e 1808, dedicadas aos fungos e criptogramas.

Ele conseguiu, então, aproveitar ainda mais esse período, concentrando-se também no estudo e no aprendizado de línguas: o latim, então frequentemente usado no campo da sistemática, o alemão, o francês e o inglês, cujo domínio provou ser muito útil para ilustrar as coleções do museu a visitantes estrangeiros.

Afastamento do Museu de História Natural de Florença e disputa com as autoridades francesas | 1807

A vida e a carreira profissional de Raddi sofreram uma séria reviravolta a partir de 1807, quando o conde Girolamo Bardi sucedeu como diretor do museu a Giovanni Fabbroni, admirador e amigo pessoal do botânico florentino.

Em uma Florença controlada pelos franceses desde 1799, o novo diretor decidiu suprimir o papel de zelador e consignatário do museu da lista de funcionários, privando efetivamente Raddi de seu salário e da casa anexa ao museu onde morava com sua esposa por anos e os cinco filhos.

Mesmo afastado continuou a manter correspondência com renomados botânicos europeus.

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Carta enviada pelo Raddi à A.P. de Candolle em 1809 (© biblioteca de Botânica, universidade de Florença).

A reintegração no Museu e a retomada da atividade científica | 1814

Um ponto de viragem fundamental na sua vida ocorreu graças ao colapso do Primeiro Império Francês e sobretudo à consequente restauração de Ferdinando III ao trono grão-ducal que envolveu a reintegração de Raddi no seu antigo posto a partir de 31 de dezembro de 1814.

Finalmente, estabilizada a situação econômica e familiar, pôde voltar a dedicar-se com entusiasmo aos estudos e à investigação. De fato, em 9 de junho de 1817, a apresentação à Academia Italiana de Ciências da Memória sobre a Jungermanniografia Etrusca”, considerada por muitos como sua obra-prima. Esta obra, na qual Raddi destaca o seu espírito crítico e inovador na interpretação de um vasto conjunto de vegetais como as hepáticas, teve grande repercussão a nível italiano e internacional, tanto que em pouco tempo esgotaram-se tanto os exemplares voadores quanto os publicados em 1818 no volume XVIII dos Atos de Academia de Ciências de Modena.

Para dar maior destaque à extraordinária fortuna da obra, não se pode deixar de mencionar que, ainda em 1841, anos após a morte do autor, o grande botânico alemão Christian Gottfried Nees editou uma edição póstuma impressa em Bonn.

A viagem ao Brasil | 1817

A partida da princesa Leopoldina da Áustria para o Brasil, onde se casaria com o futuro imperador Pedro I, ofereceu a Raddi a oportunidade de retomar a pesquisa Botânica em um país rico em essências vegetais.

A exemplo de vários cientistas alemães, pediu e obteve do Grão-Duque autorização para integrar a comitiva da princesa e preparou-se para a viagem com o escrúpulo habitual que embarcou em Livorno no navio português San Sebastiano, que partiu para Rio de Janeiro em 13 de agosto de 1817.

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© Kupferstichkabinett der Akademie der bildenden Künste Wien.

Viagem a Ilha da Madeira: desafio, coragem e determinação | 1817

Paisagens vistas da embarcação, da passagem do estreito de Gibraltar.

Desbravando a botânica da Ilha da Madeira | 1817

Uma pequena paragem do navio na ilha da Madeira, entre 11 e 13 de Setembro, permitiu ao Raddi obter muita informação sobre as culturas do local e obter uma pequena flora das plantas.

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Arundo aireiformis Raddi, described from specimens collected in Madeira by Raddi; the sheet contains a mixed collection and the name has not yet been lectotypified (PI).
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Ilustração da chegada da Princesa Maria Leopoldina ao Brasil, feita por Jean Baptiste Debret. © Museu Nacional de Belas Artes (MNBA)

Desbravando a botânica do Brasil | 1817

Porém notável revelou-se seus estudos durante a sua estadia em solo brasileiro, que começou com a atracação no porto do Rio no dia 5 de novembro.

Nesta cidade presenciou as grandes festas prestadas à princesa Maria Leopoldina, que, com o acréscimo de detalhes sobre os costumes e economia do país sul-americano, prontamente descreveu em algumas cartas enviadas à família e ao primeiro-ministro toscano Vittorio Fossombroni.

Desbravando a botânica do Brasil | 1817/1818

Embora limitado pelo escasso financiamento que lhe foi concedido pelo governo toscano, conseguiu fazer inúmeras excursões na província do Rio de Janeiro, conseguindo percorrer o litoral até a ilha de Santa Catarina.

Recolhendo uma enorme coleção de amostras de plantas, sementes, insetos e uma série de preparações de aves, répteis e peixes, regressou a 1 de Junho de 1818, chegando no dia 19 de Agosto seguinte a Génova, de onde regressou por mar a Livorno.

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Manuscrito do diário da Raddi de 5 de novembro de 1817, dia da chegada ao Rio de Janeiro (© biblioteca de botânica, universidade de florença).

Retorno a Florença e o estudo da coleção brasileira | 1818

Uma vez trazidos para a Toscana, os materiais brasileiros foram destinados pelo Grão-Duque em sua maior parte ao Museu de Florença e em menor parte ao de Pisa, mas seu estudo foi adiado por mais de dois anos, até Raddi ser dispensado por Fernando III das suas obrigações cotidianas para com o museu para se dedicar integralmente à classificação da coleção (2 de Dezembro de 1820).

Sem outras preocupações, pôde assim dedicar todo o período entre 1821 e 1828 ao estudo dos achados brasileiros, concentrando-se na elaboração de uma série de escritos que apareceram regular e frequentemente em vários periódicos italianos, principalmente relacionados com a academias das quais era membro.

Estudo da coleção Brasileira | 1819

A publicação “Synopsis Filicum Brasiliensium” (Raddi, 1819) representa apenas uma parte do ambicioso programa de publicações sobre a Flora Brasileira que Raddi tinha em mente, o qual, infelizmente, foi interrompido pela sua morte prematura. Além disto, constitui-se na primeira publicação sobre plantas tropicais feita por um italiano, confirmando o lugar de Raddi entre os principais botânicos de seu tempo.

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Giuseppe Angelelli, A Expedição Franco-Tusca ao Egito Comandada por Jean-François Champollione Ippolito Rossellini, cerca de 1830-1836, medida 3,80 x 2,40 m – Museu Arqueológico de Firenze (Museu Egípcio). (© 2021. A. Dagli Orti/Scala, Florença).

A viagem ao Egito | 1828

Enquanto isso, os governos francês e toscano montavam naqueles anos uma missão científica que, sob a direção dos egiptólogos Ippolito Rosellini e Jean François Champollion, faria uma longa viagem de estudos ao Egito. Raddi, não querendo perder a oportunidade de retomar a pesquisa no campo, pediu e obteve do novo Grão-Duque Leopoldo II a autorização para ingressar como botânico.

Ele deixou Florença em 12 de julho de 1828 com a missão da Toscana e, tendo feito uma escala em Toulon em 22 de julho, desembarcou em Alexandria no dia 18 de agosto seguinte. A partir daqui, munido de um passe que lhe permitia visitar livremente qualquer local do seu interesse, explorou botanicamente todo o campo até Rosetta e seguiu os outros membros da expedição, chegando ao Cairo em 20 de setembro. Da capital seguiu na companhia de colegas até Tebas e de lá subiu até a Primeira Catarata do Nilo e depois retornou à região do Baixo Egito viajando em todas as direções. Finalmente, ele deixou Rosetta em 29 de junho de 1829 para chegar ao Lago Bruloz e Lagos Natron, e foi atingido durante a viagem por uma forma violenta de disenteria que o levou a retornar ao Cairo para tratamento.

O retorno da viagem e seu falecimento | 1829

Em meados de julho, a melhora de seu estado deu esperança de uma recuperação iminente, mas no dia 24 do mesmo mês a doença piorou tanto que, mais tarde, confiante de poder ser melhor tratado em casa, decidiu embarcar para a Itália.

Quando seu navio chegou perto de Rodes em 6 de setembro, suas condições de saúde eram tão desesperadoras que ele teve que ser desembarcado às pressas na ilha, onde morreu no mesmo dia 06 de setembro de 1829.

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Local na Igreja de Santa Croceo onde está localizado o epitáfio de Giuseppe Raddi.

Memoriais e Enterro | 1834

Homenagem ao grande estudioso florentino | 1834-1912

Posteriormente o epitáfio foi erguido na Basílica de Santa Croce acompanhado de uma epígrafe em que o famoso naturalista florentino é lembrado como o “Ornamento da Itália”.

Os restos mortais de Giuseppe Raddi foram enterrados no cemitério anexo à igreja católica de Nossa Senhora da Vitória em Rodes, mas, provavelmente devido às reformas que afetaram a área em 1853, todos os vestígios do seu túmulo foram perdidos.

Com o patrocínio do Instituto de Estudos Superiores de Florença e da Accademia dei Georgofili, iniciou-se com a ocupação pelo exército real em 1912, uma busca pela sua sepultura mas sem sucesso.

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Epitáfio de Giuseppe Raddi, localizado na Capela Castellani na Basílica de Santa Croce (Ottavio Giovannozzi)

© 1) Carlos Emilio de Sá e Silva. 2) Pleroma fothergillii (DC.) Triana (=Rhexia triflora Raddi): Renato Goldenberg – Abril/2007. Dunas do Paraná / Paraná / Brasil. 3) Didymochlaena pulcherrima: Paulo Henrique Labiak Evangelista. 4) Miconia melastomoides (Raddi) : R.Goldenb. – Fevereiro/2012. 5) Trichomanes pilosum: Paulo Henrique Labiak Evangelista.